Pessoas de dentro para fora.
Os meus amigos tinham todos medo do escuro e eu medo da luz. Medo do dia que me traria a realidade que eu não queria ver, nem sentir, nem tão pouco saber que existia. Medo do certo, do que vejo e que de todos quero esconder. Uns ligam a luz para ver e eu desligo para esquecer. Uns iluminam-se a si próprios e eu desvio o foco de mim, do que não quero ver, do que dói só de saber. Desligo-me e desvio-me de mim mesma e das minhas emoções para jamais ter pena de mim. Prefiro não ver do que me encarar naquele espelho igual a todos os outros, deformado. Espelhos. Ver-me assusta-me e faz-me correr na direção contrária, achar que fugir é uma solução colocada sobre a mesa. Olho para os outros como reflexos meus mais perfeitos, menos deformados, mais comigo, mais sem mim. Reflexos meus deformados, imaginários e destrutivos sobre mim, acerca de mim. Quem me dera ser o que não sou, para ser quem na realidade? Perguntas que muitas pessoas fazem nas suas cabeças, regidas pelas regras dos números