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A mostrar mensagens de agosto, 2017

Texto em contexto.

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Não sei porque escrevo, nem como tudo isto começou, ou melhor, tudo começou num caderninho azul, com um cadeado manhoso que não precisava de chave para abrir. Era um pouco como eu. Eu também era um pouco manhosa, todo o mundo pensava que eu estava fechada a quatro chaves, mas mal sabiam eles que eu era uma porta aberta ao mundo. E aí fui andando por fases e frases que iam formando textos, que foram formando lições e que foram formando aquilo que sou. Eu sou escrita. Tudo em mim precisa de escrever, coisas de mim para mim, outras de mim para o mundo. Eu sou uma apaixonada por esta terapia que me consome o físico e o psicologico. Sou eu em alma e osso. Sou dependente da escrita e quem seria eu se assim não fosse, uma louca apaixonada pessoa que escreve, que fala sozinha entre linhas e entrelinhas. E só quem lê entrelinhas sabe ler na verdade. Mas jamais a escrita irá precisar de mim, porque eu sou dela e ela é um pouco de todos: quem escreve, quem lê, quem sente. Quero que risques, s

Viver à base do quase é morrer!

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Ninguém merece viver no limiar da vida. No quase amor. No quase acordado. No quase vivo. Quando é quase nem é, nem deixa de ser, é uma incerteza que nos consome com perguntas sem respostas porque nem é tudo nem quase nada.  É ter a casa inteira e só nos limitarmos a um canto. Ter uma vida inteira e estar constantemente preso a um momento. Àquele momento.  Aquele momento que todos somos obrigados a passar ou foram momentos de perdas ou momentos de reviravoltas ou momentos que existem só para nos abanar. Uns abanam e caem outros abanam mas não caem. O mais importante da vida é nunca viver nesse abano constante ou não somos nada, nem ninguém além de um ser meio perdido meio encontrado. Meio caído, meio levantado. Como no circo aquele palhaço que anda de bicicleta sobre a corda por cima da nossa cabeça.  É preciso sair da personagem, ser um expectador de nós mesmos, sentarmo-nos na plateia e chorar connosco mesmos, bater palmas com o maior orgulho do mundo, sorrir com lágrimas

Saudades de a ter.

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És tela. Em mim és uma tela cor da tua pele branca com trança caída sobre as tuas costas, olhos azuis no centro de tudo. Entre linhas e traços, soltos, vincados vou pintando o que ouço dizer, o pouco que me lembro e tudo aquilo que quero ver. Vou fazendo mil e um retratos e acabo por perceber que és o conjunto de todos, num só. Acabo por perceber que és uma fruto da minha imaginação e que jamais serei capaz de te recriar numa só tela. Ouço histórias e vou criando memórias do que nunca vivi. Sinto-te e vejo-te onde te quero ver, naquelas escadas, naquela janela, à varanda. Esperas por mim, por ele, por todos e eu sei que estás nessa varanda à espera para me conhecer. Dizem que é impossível ter saudades do que nunca conhecemos, do que nunca nos pertenceu, no que não nos lembramos, dizem as pessoas que nunca ouviram falar de ti. Pessoas que sabem lá o que é ser pessoa. Porque eu tenho saudades mesmo sem sentir mais o teu toque e mesmo que não me lembre os dias em que te toquei. Di

a carta que eu nunca te escrevi...

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Adormecemos de costas voltadas e nunca mais te vi sorrir. A verdade é que também nunca mais sorri, nenhum amor devia discutir como nós os dois discutimos na noite antes de partires. Amei-te ainda mais no dia em que foste embora, mas tu não sabes, nem precisas de saber agora que passou. Passou o tempo, porque o amor continua onde o deixaste. Aquele ainda é teu, mesmo que eu ame outra pessoa. Mesmo que a minha vida tenha seguido em frente e que agora não faças fisicamente parte dela. Que seria da minha vida sem ti de vez. Disseste que não te amava e quem era eu para te contrariar depois de ter dito para ires à tua vida que eu ficava bem. Como fui um otário ao ponto de dizer que ficava bem. Devias ter percebido que era mentira. Mas quem sou eu para te dizer para ficar? Mas quem sou eu para te prender numa pequena gaiola e te proibir de voar? Nenhum pássaro resiste muito tempo a uma gaiola fechada. Não queria que me culpasses e tu culpaste na mesma. É o preço a pagar por te amar e nunca