Cafés que nunca chegam.
Tenho em mim todos os sonhos do mundo e o medo de os perder. Como andorinhas que partem sem aviso prévio. Mesmo que saibas que elas vão partir um dia, por aquela altura, nunca se está preparado para o presente. Para o já aconteceu. Para o: já fui. Talvez para o ano regresse, ou talvez mais cedo. As pessoas têm muito essa mania quase maníaca de adiar como promessa o encontro, o reencontro: aquele café. Aquele café que chega sempre atrasado, arrefecido ou nunca chega. Nunca um café chega fora de horas, mas não chegar, chegam muitos. O problema é quando a esplanada fecha, o café termina e a vida tem que ser em frente. Todos temos que partir, todos temos sonhos por concretizar e outros têm que ficar assim mesmo: arrefecidos. Passados ao fresco, como diria um bom português. Por isso é que tenho todos os sonhos do mundo dentro de mim e um frio na barriga de que se tornem nada mais que isso: sonhos que esfriaram, como cafés que deixei para amanhã. O amanhã é o acaso mais incerto da vid