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A mostrar mensagens de maio, 2017

Nada mais que Pessoa.

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Já o meu caro Fernando Pessoa, na sombra de uma pessoa que para mim existe sem qualquer ponta de dúvida, dizia: "No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto" Quando li pela pela primeira vez invejei-o por nunca ter tido a oportunidade de ser eu a escreve-lo, porque era tão eu, tão meu. Era como se a adulta que hoje vive não visse mais a sombra onde mora a minha criança. E como a infância dele modificou, a minha também e todas elas mudam em qualquer que seja a vertente. Deixamos de ser a sombra de sonho de adulto, para sermos na sombra a criança inocente perdida. Invertemos os papeis e muitas vezes com os pés pelas mãos fica tudo do avesso. Passamos a substituir pessoas por outras no dia dos nossos aniversários, ou não os festejamos porque vai faltando demasiada gente: os amigos já não são muitos, os avós já não ocupam a cabeceira da mesa e outros tantos partiram para as suas viagens. Por vezes preciso de parar para me lembrar

Lágrimas negras.

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Essas lágrimas negras que te escorrem, não dos olhos, mas desse peito ferido, em sangue e ferida aberta doem para quem vê, mas principalmente para quem te sente. O rancor é uma constante infeção que nunca te vai deixar curar essa dor que te consome e fecha e abre de novo a ferida com ainda mais dor do que um homem possa sentir. Cura-te. Cura-te com essas tuas lágrimas puras e salgadas que te escorrem por esse rosto e terminam nesse teu sorriso que eu já não vejo, n em sinto. Quem te levou que te traga de volta e quem me dera ter um abraço curador, que curasse essa tua ferida aberta que sangra a cada dia que passa. Assume que caiste, que te magoaste e permite-te ser o ser humano que és. Larga essas lágrimas que se acumulam na tua garganta e te cortam a respiração, te levam a um fim que me sufoca a mim também. Deixa o sangue circular pelo teu corpo, dar cor ao teu corpo e dar vida a esse coração mais ferido que vivo. Deixa essas lágrimas se libertarem para te libertares também dessa t

Tive-te por garantido e perdi-te.

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Como é que é possível eu deixar de te amar no meio de tantas coisas que tenho para fazer? Faz alguns dias que te foste embora e eu ainda não tive um minuto que fosse para perceber isso, nem chorar, nem deixar de te amar, quanto mais na vida te conseguir esquecer. Entre trabalhos que me consomem a réstia de sanidade mental que me deixaste, eu sei lá onde vou arranjar esse tempo. Eras o hábito mais bonito da minha vida e hoje procuro o dia em que te tornei meu e te perdi de vez. O que dia em que te foste embora, porque antes de ser já o era, eu sei. Nem vi, nem sei quantas noites me mentiste entre noites cansadas que eu passava em casa. Nem sei quantas vezes me disseste que ias e eu dizia sempre vai, sem nunca pensar que não voltarias um dia. Ouvi um dia os meus pais dizerem isso, que o amor era um tudo e que depois era o hábito de tudo todos os dias, fiei-me e perdi-te. Pensei que todas as provas de amor já tinham sido feitas, que todas as promessas já tinham ditas. Nunca pensei qu

Luto de ti.

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Os pássaros cantam lá fora mas eu recuso-me a ouvir. Devia ser proibido cantar, se tu partiste. A minha alma está feita um corvo. Está negra, perdida e com um asa ferida. O dia não devia ter acordado, de que vle ser dia se vivo numa noite profunda, noite de lua nova, perdida em ruelas da cidade. Estou de luto! E não, não luto. Não consigo erguer as pernas deste fundo, estou sem forças, não consigo lutar por algo que virou costas e vi partir. Eu vi partir muito antes de isso acontecer e não conseguir agarrar as tuas mãos e te prender num abraço. Essa imagem corre em mim, de tu bateres a porta e nunca mais regressares. Tenho pena da vida deste mundo, que num dia segundo perdeu logo duas vidas, uma e meia por inteiro, outra meia anda perdida por ai. Recuso-me a aceitar e é por isso que estou de luto e contra isso eu não luto. Porque preciso que este negro do meu coração se desvaneça, preciso que com o tempo, a chuva e as lágrimas tinja a cor de corvo, para eu me puder libertar deste luto

Não posso mais, amar pelos dois.

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Sentada nesta calçada, de mãos dadas com o tempo, eu te amei todos os dias da minha vida. Mesmo nas noites ausentes e nas insónias permanentes. Mesmo quando me dizias te tinhas trabalho e eu sabia que era mais uma desculpa. Mesmo quando deixaste de me abraçar do jeito do primeiro dia. Mesmo quando me deixaste de amar, eu fiquei aqui. Aqui, no mesmo lugar de onde nunca sai, com esperança que voltasses um dia com os olhos cheios de mim e implorando o abraço que sempre esteve aqui de braços abertos e cansados de tanto esperar. Amei demasiado para um coração sozinho, perdido num nevoeiro de um dia de inverno. O frio entranhou-se em mim e mesmo assim amei-te. Como se tivesse nascido só para isso. Mas hoje chegou o dia de te deixar ir e de uma vez por todas me deixar ir a mim. Já te implorei que voltasses, que me amasses, mas o amor não se mendiga mesmo que eu tenha sido uma mendiga de ti. Os braços desolados deixaram-se cair diante do meu corpo cansado e ressacado de ti. Preciso de

A carta à menina do meu passado.

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Hoje eu escrevo-te de um lugar onde todos os dias te questionas se vais ser capaz de chegar, mas em primeira mão e pessoa aviso-te que vais conseguir. Mas desilude-te porque nada vai ser como estás a imaginar. Os tão esperados 18 anos vão chegar e vão passar também, bastante rápido por sinal. O caminho vai ser longo e penoso, mas pelo menos vai existir. Vais querer baixar os braços muitas vezes e vais baixa-los sem sombra de dúvida ainda bastantes vezes, mas vais conhecer pessoas, que te vão tirar desse canto da vida onde tu te isolas e te vão fazer sentir o centro do mundo. Vais escrever e mostrar a pessoas porque isso escreve ainda mais. Vais passar muitas noites sozinha em casa, mas o teu pai vai ceder  e vai-te deixar sair e proporcionar noites fantásticas com pessoas que não vais esquecer. Não vais ser a adulta que sempre sonhaste, pelo menos na hora que esperas, mas até vais crescer bastante rápido. Vão existir dias maus que vão parecer eternos e dias bons que vão passar à