Volta e meia e já volto.
Passamos a vida a questionar o universo: porquê que ainda estamos aqui, porquê que insistimos em pessoas que nos deixam de parte, porquê que voltamos sem ter que sentir que devemos. Voltamos a ir e a vir para o mesmo lugar, o mesmo lugar de sempre sem o ver. Apenas olhamos, chegamos e partimos, rotinas rituais. Um dia partimos e tudo fica numa nova perspetiva. Olhamos de longe, olhamos tudo, num plano geral. Percebemos que vivemos tão grande, tão belo, mas tão acolhedor ao mesmo tempo. Vemos as paredes brancas que ouviram os nossos lamentos, aqueles lençóis que limparam as nossas lágrimas, aquele peluche panda onde deitamos a cabeça e adormecemos de cansaço, aquele candeeiro que nos iluminou as noites de insónia, aquela janela que nos fez dar voltas e voltas ao mundo, aquelas fotografias coladas na parede que nos fazem viajar no tempo, aquela almofada que nos faz não gostar de mais nenhuma. Agora que estou noutra margem do rio e consigo ver de onde venho, vejo o frio que faz aqui,