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A mostrar mensagens de fevereiro, 2017

Quero ser o prazer da tua vida.

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Não quero ser o prazer que acaba na manhã seguinte. Não quero ser a bebida que te leva à euforia e te torna desinibido. Que te faz a noite louca e a mente vazia. A bebida que te leva ao auge da felicidade , que te liberta os músculos e faz amar o mundo todo de uma vez, mesmo quando nem sequer tens amor próprio. Essa bebida que na manhã seguinte te transforma em ressaca, dor de cabeça que passa de euforia a desalento. Que te acorda num beco qualquer, que até pode ser um jardim, mas que na tua cabeça será um buraco negro. Não quero ser essa bebida que te deu prazer terminável , na manhã seguinte. Não quero ser o cigarro que te faz companhia nas noites mais amargas e solitárias. Que te faz sentir grande nessa varanda vazia. O cigarro que mata a saudade e te esconde por entre a fumaça. Não quero ser a beata de um cigarro fumado e substituído por outro, e outro logo de seguida. Não quero ser igual a todo o maço. Não quero ser o resto de um mero cinzeiro. Não quero ser esse cigarro

Domingos d'outrora.

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Dou por mim a divagar pelas minhas memórias com medo que elas se divaguem na realidade do quotidiano. Que se percam entre promessas por cumprir, feitas e desfeitas. Entre pessoas perdidas. Entre o passado e o presente. Entre a saudade e o medo, entre a lágrima de felicidade e tristeza. Eu deito-me hoje deste modo. Mas não sei se é insônia ou o peso na consciência que não me deixam dormir. Sinto um peso em mim que me aperta o coração, que me encosta a uma parede apontando-me a espada. Desacredito na história que eu própria narrei. E vivi. Parecem mentira tantas coisas e eu confundo o sonho com a realidade. Procuro respostas em atitudes mas nenhuma é como ontem, como naquele tempo, que eu não me quero esquecer. Tenho saudades do que já não somos e tenho medo de deixar de acreditar que algum dia o fomos. Quando penso nisto só quero arrancar a sangue frio esta ideia que me assombra e me faz desistir do futuro. Não quero acreditar que nada foi verdade. Que foram dias, meses, anos perdidos

Permitir o olhar.

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Hoje sentei-me a observar o ser humano. O ser nada e o ser tudo. O ser que se queixa por tudo e por nada. O ser que tem tudo mas diz que não tem nada. O ser que manda em tudo, mas deixa-se perder por nada. O ser que escreve por tudo e por nada, e sente tudo mas prefere dizer que não sente nada. Frio. Está frio e continuo aqui, no meio da larga avenida que me assusta. Sinto-me a observar e a ser observada. Avalio cada pormenor. A maior qualidade de um observador é reparar em pormenores que mais ninguém se vai lembrar que existem. Calma. Talvez o maior défice das pessoas. Ouvem-se buzinas, insultos, estrondos, gritos. Vêm-se movimentos velozes e furiosos de quem tem pressa mas que nem sabe para onde vai. Correm para o trabalho, para casa, para os braços do marido ou do amante. Perdem-se. Perdem-se no tempo entre montras e avenidas. Pedem um café e leem o jornal, nem apreciam o café nem percebem nada do raio do jornal. Quem critica os homens por só fazer uma coisa de ca