Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2017

Casa de Legos.

Imagem
Um dia vamos entender o porquê de nos deitarmos na cama, quando a lua já espreita pela janela, cansados, com dores nas pernas e com as costas pesadas. Vamos perceber o porquê de todos os dias serem cansativos. Vamos perceber que desde que nascemos que somos construtores, de qualquer coisa que só nos finais de vida vamos perceber o que é. Somos todos uns construtores que tentam ser engenheiros, que tentam criar todos os dias o lugar perfeito, sem frinchas nem defeitos e todos os dias percebemos também que isso é impossível mas tentamos como seres humanos iludidos que somos. Independentemente do que declaramos nas finanças somos profissionalmente construtores e colecionadores de desilusões. Passamos a vida inteira a ir construindo, há peças que terminam antes mesmo de teres começado, outras que levam uma vida a ser construídas. O tempo não importa, apenas importa a dedicação que depositas em cada peça única que vamos construindo e também do apoio que vamos recebendo. A mais import

Viagens de comboio.

Imagem
Partir é a melhor desculpa para poder um dia regressar. E sabe tão bem ter onde regressar. Ver o que o comboio deixa para trás preenche-me de saudade. A saudade, suada de lágrimas salgadas e carente do abraço do costume. É doloroso deixarmos o costume para criar rotinas novas. Termos de nos habituar a ver a cidade de todos os dias apenas de noite.  As pessoas do costume passam a estar do outro lado da linha telefónica e não do outro lado da rua. Mas apesar de em nenhum horizonte se tocar, temos de tentar agarra-lo para ele parecer mais perto, mais palpável, mais alcançável. E é por isso que eu parto todos os dias. Para procurar o meu horizonte, o meu limite, o meu futuro.  Para poder voltar aos braços do costume e dizer que a saudade também sabe abraçar e chorar. Nem toda a saudade dói. Há saudades que existem apenas para nos fazer regressar à base onde basicamente temos os nossos pilares mais básicos.  Basicamente, eu vou regressar no mesmo comboio amanhã para te abraçar de

Até amanhã verão.

Imagem
Benvindos ao mundo real, onde o verão sempre acaba, os dias cinzentos chegam. Dias que deixam de terminar com bonitos pôr-de-sois e passam a se dissipar ao longo do dia. Que deixam de terminar numa bela tarde de praia e acabam com um dia exaustivo de trabalho. Que deixam de reluzir de moreno e cor de canela para serem pálidos e cor da neve que há de chegar. Que deixam de se cobrir de calor humano e solar para se cobrir de mantas e cascóis. Que deixam de ser dias felizes reluzidos de luz para serem meros dias. Meras tristezas.  Esses dias de inverno acabam a qualquer altura do ano, quem acha que estou maluca, mente. O verão jamais será uma mera estação do ano, vai ser o nosso sorriso, a nossa felicidade, a nossa aura repleta de boas energias, o nosso bom humor e disposição. Que no dia seguinte pode ser substituído por um peso horrendo sobre os nossos ombros, uma lágrima no canto do olho, uma solidão que me arrepia a espinha e uma tristeza, uma simples tristeza que nos corrompe e no

Pessoa de pessoas.

Imagem
- És uma pessoa de pessoas ou de lugares? Colocaram-me esta questão na cabeça, que parece tão simples mas que nos faz viajar para outras galáxias, questionar as nossas próprias origens e ir às profundezas do nosso ser. Divaguei um pouco no meio daquilo que sou e percebi que sou uma pessoa de pessoas, sem dúvidas disso. Para mim roda a garrafa e não as pessoas. Muda a mesa e jamais as pessoas. Assim é que deve ser, pelo menos nos meus princípios como pessoa. Se forem as pessoas certas o lugar não importa, fazemos de um beco o lugar mais bonito do mundo e de uma praia deserta o lugar mais recheado de boas energias e sentimentos. Rode o mundo todo, vire tudo de pernas para o ar, viagem para o outro lado do mundo que nada vai mudar, enquanto as pessoas não se mudarem. Há pessoas que mudam e outras que se mudam, são realidades bastante distintas que por vezes se confundem. Conheço pessoas que podem mudar de país, ir viver para outra galáxia que se continuarem as mesmas pessoas vã

Ouvi falar em ansiedade.

Imagem
- Ouvi falar em ansiedade e tremi. Perguntei-me se sabia mesmo o que é. Li mil e um artigos sobre o assunto que muitas vezes não é assunto.  As pessoas preferem não ligar, não falar, chamar-lhe moda e tentar que passe por entre tantos assuntos e problemas do quotidiano. Há problemas piores dizem muitos. Vais morrer dizem outros e entre extremos perdemos as estribeiras. Olho à minha volta e com este mero assunto sinto-me levar uma unha à boca, sinto o meu pé a bater no chão de um modo repetitivo que faz tanto barulho que eu ouço na minha cabeça repetir sem parar, puxo uma pele do lábio, remexo nos anéis que tenho nos dedos e paro. Fico estagnada por tempo indeterminado. Todos os relógios param e eu sinto-me suar, chorar e berrar, sem nunca mexer uma ponta de cabelo. Ali estou eu.  As pessoas passam, uns dizem que estou maluca, outras falam da idade e muitos acham que sou apenas mais uma pessoa sentada num banco de jardim. Esta última definição é aquela que as pessoas com ansied