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A mostrar mensagens de janeiro, 2017

Meu mar salgado.

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Hoje chove na praia que se esconde por entre o nevoeiro e eu finalmente posso chorar. Posso me despir de fachadas e mascaras, posso finalmente ser eu mesma. Está toda a gente preocupada com guarda-chuvas, casacos grossos e a maltratar o tempo por ele hoje ter decidido ser ele mesmo. De forma dura e crua, como eu. E eu, deixo-me ficar aqui, observando o mar e a encher esta maré de água salgada, água que outrora fora minha. Nem sempre nos é permitido sermos nós em bruto.  Sermos meros humanos de carne e osso. Há horas e lugares errados, sempre nos momentos mais exatos. Há sempre alguém que te vai julgar porque choras, porque és fraco, porque num dia de sol não há mais nada a criticar além de ti e desse teu mau tempo. Quando te afogas nas tuas próprias lágrimas e te sentes transbordar sem teres sequer essa noção, ou chove pena ou chovem perguntas. Mas na realidade a maioria dessas perguntas são pelo simples facto de ficarem bem. A maioria dessas pessoas não vai esperar que pares de chor

Não serves para conviver. Por isso, parti.

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Perdoa-me . Perdoa-me mas eu preciso de partir. Deixo o meu lugar à disposição para amares ainda mais do que me amaste a mim. Deixo o meu lugar à disposição para receberes aquilo que nunca consegui. Deixo o meu lugar à disposição para poderes ser feliz, seres feliz no máximo de felicidade. Porque eu não sou essa pessoa. Ao contrário do que tu pensas, sabes bem que eu não sou. Não sou a pessoa que vai saber lidar com teus piores momentos sem fracassar. Não sou a pessoa que vai saber afastar-se no momento certo, sem se afastar para sempre. Não sou a pessoa que vai saber lidar com o teu mau acordar, sem sentir que a noite anterior foi um erro. Não sou a pessoa que vai saber ser aquilo que tu mereces que sejam contigo. Não sou a pessoa que vai saber lidar com teus ciúmes sem se sentir sufocar. Não sou a pessoa que vai saber lidar com os seus próprios ciúmes sem se sentir insegura e insuficiente para ti. Porque tu mereces tanto e eu sou tão pouco ao teu lado. Podia ficar. Podia a

Porta entreaberta.

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Vaguei-o pelas ruas da cidade. Parece vazia, tão triste. As luzes perdem a intensidade com o passar das horas. Paradoxos da vida, que fazem um anoitecer, parecer um amanhecer. Deixo-me ir. Às vezes gosto simplesmente de me deixar ir, nas mãos do destino para ver qual o sentido da vida. Para onde me leva. Sou uma folha que se deixa levar pelo vento, que deambula solitária e sem saber se regressa. Parto e permito-me partir para poder saber para onde vou e porque vou. Saber voltar. Perco-me em pensamentos aleatórios e no calor do café que me aquece a alma. E sinto-me num por-do-sol de inverno. Deve ser este frio que me consome e que congela cada ponto do meu corpo. Como a minha cidade às vezes parece tão solidária comigo. As ruas contam-me segredos e eu confesso-lhes desabafos. Desabafos de uma vida demasiado quotidiana e tão pouco humana. Às vezes esquecemo-nos de ser humanos, de chorar, de sofrer, de dizer que não, porque simplesmente não, não queremos ou simplesmente não nos apet

Cartas em vão.

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Nunca nenhum texto foi escrito em vão. Muito menos em papel e com caneta. Mas grande parte deles, foram entregues e lidos em vão. Nem todas as pessoas têm jeito para as palavras, não podemos julgar. Mas todos sabemos ler, foi para isso que perdemos quase 1 ano da nossa vida, letra a letra, ditongos, vogais, consoantes. Consoante as pessoas que lêem sem ler. São sem ser. Poucos são os que sabem ler com os olhos e mente. Ler com os olhos é perder tempo. Se só lês com os olhos vai passear, uma maneira bem melhor de perder tempo, não achas? Quanto mais mal for escrito o texto, mais magoado estava quem o escreveu. Aposto que te entreguei um texto sem qualquer regra gramatical e com erros a torto e a direito. Como não soubeste ler? De que vale teres o triplo da minha idade, se nem as palavras de uma criança sabes ler? De que vale teres filhos e netos se não lhes dedicares momentos de leitura, com olhos e cabeça! Não perdi tempo a escrever, como também não perdi mais tempo a t

Cacos de um coração.

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Podes entrar. Mas espera! Por favor, entra devagar, não te cortes em todos os cacos espalhados pelo chão, não ligues à bagunça que abunda no meu coração, não toques no pó, nem na sujidade. Não olhes muito em redor, ignora o que já fui, o que já se quebrou, o que já quebrei. Se quiseres entrar, agora podes. Mas promete-me que não aumentas a desarrumação, a confusão, o delírio em pó. Promete-me que não pioras o caos, que não fazes mais estragos, que não calcas os vidros espalhados. Entra devagar para não assustar. São os acidentes em certas curvas que nos fazem mudar de caminhos, que nos fazem colocar a marcha atrás, que nos fazem esperar o tempo certo na berma da estrada, mesmo que faça escuro na rua. Não sou toda bagunçada como aparenta o meu coração, apenas um pouco. Um pouco de mais. Mas está nas tuas mãos, não precisas de limpar os cacos, nem o pó, nem as janelas que dão para o jardim. Apenas te peço que fiques, aceita o meu coração assim como ele é e respeita-o. Respeita o meu

Sol de inverno à beira-mar.

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8/365, Beira-mar. As ondas rebentavam levemente nos meus pés, brancos como a cal, frios e consumidos pelo inverno gelado de Janeiro. A minha mente era levada em cada onda, e ninguém sabe a capacidade que uma onda tem de levar o que não cabe mais dentro de nós. Falar sem abrir a boca. Abraçar o vazio que traz tudo aquilo que cabe e transborda por todos os lados. Dei por mim a pensar no nada e no tudo, tudo o que faz bem e tudo o que faz mal. Há coisas que só nos enchem no dia-a-dia, porque não há mar que nos limpe por dentro. Deixei-me ir, flutuando por entre as ondas que por vezes erguiam-me demais, assustavam, mas ao mesmo tempo me transmitiam uma plenitude e uma calma que ainda hoje sinto sobre os meus ombros. Cada reflexo era um ponto de esperança, em cada ponto de luz uma porta aberta para novos caminhos. Desabafei segredos ao ar e deixei-os ir com o vento. Contei histórias pesadas, que carrego no meu colo e cansa. Cansa mais do que aquilo que devia. Deixo-me ir, deixo ir tu

Amor é...

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O amor.  O amor não é para ser falado. Nem a mim, nem aos quatro ventos. O amor não se fala e pronto!  O amor não se cheira. O amor é dar a rosa e dizer que cheira a ti, e ficar com ela para voltar a cheirar. O amor não se cheira e pronto! O amor não se ouve. O amor não se ouve na boa de ninguém, nem nas canções da radio, nem nas personagens dos filmes. O amor simplesmente não se ouve na minha boca. O amor não se ouve e pronto! O amor não se vê. O amor não se vê espetado em publicidades enganosas, nem em cartazes gigantes. O amor não se vê nos filmes, nem nos livros de fantasia. O amor não se vê e pronto! O amor não se toca . O amor não se toca, não se sente num beijo, nem num abraço. O amor não se toca, se o amor não for sentido. O amor não se toca e pronto! O amor sente-se! O amor sente-se e pronto! O amor sente-se no corpo todo, nos sentidos todos, no dia todo.  O amor sente-se na tua voz, no teu cheiro, no teu olhar, no teu toque.  O amor é o

2/365 dias para sorrir.

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Braga, 2 de Janeiro de 2017. E lá veio o drama de ter que pensar um pouquinho antes de escrever o ultimo algarismo do ano. 7. Costuma ser o meu número da sorte, mas este ano eu não me vou fiar na sorte. "Fia-te na virgem e não corras", ouvi a minha vida toda, decidi prestar atenção. Foi o primeiro dia que tive um pouco de tempo para pensar neste novo ano, o que está programado acontecer, os objetivos traçados, aquilo que não pode falhar o ano e cheguei a um conclusão: Chegou o ano de lutar e realizar sonhos há muito sonhados. Como pequenas coisas: entrar na universidade, andar de avião, tirar a carta, ir a concertos daquelas bandas que adoro, juntar dinheiro para projetos futuros... São pequenas coisas que sonhei a minha vida toda e que pensei que com 18 anos iria conseguir realizar, mas como já referi num dos meus textos, ser adulto não tem idade cronológica e admito que talvez eu não tenho sido maior de idade quando no bilhete de identidade isso na realidade aconteceu. Q