Meu mar salgado.
Hoje chove na praia que se esconde por entre o nevoeiro e eu finalmente posso chorar. Posso me despir de fachadas e mascaras, posso finalmente ser eu mesma. Está toda a gente preocupada com guarda-chuvas, casacos grossos e a maltratar o tempo por ele hoje ter decidido ser ele mesmo. De forma dura e crua, como eu. E eu, deixo-me ficar aqui, observando o mar e a encher esta maré de água salgada, água que outrora fora minha. Nem sempre nos é permitido sermos nós em bruto. Sermos meros humanos de carne e osso. Há horas e lugares errados, sempre nos momentos mais exatos. Há sempre alguém que te vai julgar porque choras, porque és fraco, porque num dia de sol não há mais nada a criticar além de ti e desse teu mau tempo. Quando te afogas nas tuas próprias lágrimas e te sentes transbordar sem teres sequer essa noção, ou chove pena ou chovem perguntas. Mas na realidade a maioria dessas perguntas são pelo simples facto de ficarem bem. A maioria dessas pessoas não vai esperar que pares de chor